Nesses tempos pós ou hipermodernos, em muitos templos evangélicos, a música sacra tem sido dessacralizada, e a música profana, cultuada, adorada. Dessacralizar é o ato ou o efeito de subtrair o caráter sagrado. É o mesmo que profanar (2 Tm 3.2; Hb 12.16). No caso da música sacra, dessacralizá-la é desprovê-la dos elementos relacionados com o louvor a Deus, tornando-a vulgar, secular, mundana, como qualquer outra, chamando a atenção para os músicos e cantores, e não para Jesus, o único digno de louvor (Sl 48.1). Lembre-se de que o Senhor habita entre os louvores, e não entre os cantores e músicos (Sl 22.3).
Há mais de 25 anos, o jornalista cristão Joanyr de Oliveira escreveu contra o culto à música profana nas igrejas evangélicas: “A casa de Deus, Música Profana, não lhe pertence, não é o seu lugar. Seu lugar é nos palcos, nos auditórios de emissoras, nos vídeos, mas nunca e nunca nos templos onde se devem ouvir límpidos cânticos espirituais e harmonias solenes e inspiradoras ao louvor de Deus, ‘na beleza da sua santidade’. […] Por enquanto ainda somos compelidos (e constrangidos) a lhe dirigir parabéns pelos seus extraordinários triunfos, Música Profana. Mas Deus há de permitir que, em futuro próximo, possamos dizer alto e bom som: A Igreja do Senhor venceu a Música Profana, que retornou aos salões de baile e aos auditórios seculares, de onde nunca deveria ter saído” (OLIVEIRA, Joanyr de. A Igreja que Desejamos. São Paulo: Editora Vida, 1989. P. 36-37).
Ainda que a música — uma das primeiras artes da civilização —, de modo geral, seja atribuída a Jubal, filho de Lameque (cf. Gn 4.21), sabemos que ela teve origem no próprio Criador (Jó 38.7). Segundo as Escrituras, os anjos de Deus se ocupam do louvor por meio da música (Lc 2.13,14; Ap 5.7-14). Na terra, o cântico de louvor com música sacra é uma das tarefas mais sublimes dos servos do Senhor (Sl 149.1). E o louvor continuará sendo executado por toda a eternidade, visto que “o seu louvor permanece para sempre” (Sl 111.10).
Embora Deus seja o autor da música, isso não significa que todos os estilos musicais sejam dEle ou aceitos por Ele. A música funciona como o alfabeto. Por meio das letras do abecedário, podemos escrever mensagens boas ou ruins, cristãs ou satânicas. Pessoas proferem louvor ao Diabo ou a Deus com as mesmas letras do alfabeto! Da mesma forma, compõem-se, com as mesmas notas musicais, canções próprias para o louvor ou impróprias, sacras ou profanas.
Nesses últimos dias, lamentavelmente, até a música secular está corrompida. Estilos românticos, sentimentais, artísticos e folclóricos têm dado lugar a estilos agressivos, frenéticos, lascivos e erotizantes, como o funk dos morros cariocas e o axé baiano. Essa deturpação da música, infelizmente, atinge as igrejas cristãs. E, por isso, a música sacra vem sendo submetida à dessacralização. E não somente isso. Nos templos, há um verdadeiro culto à música profana — o que é uma forma de apostasia da fé (1 Tm 4.1). Lembremo-nos de que o culto que agrada a Deus tem louvor com música, mas também tem exposição da Palavra e ministrações do Espírito Santo (1 Co 14.26).
Atos dos Apóstolos começa com a menção de que Jesus, ao andar na terra, ensinou (1.1). E termina com a informação de que Paulo, preso em Roma, estava “ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum” (28.31). Ou seja, o livro que nos apresenta a conduta e a postura dos cristãos da igreja nascente — da qual deveríamos ser imitadores — começa e termina dando ênfase ao ensino da Palavra de Deus. Apesar disso, ainda há líderes evangélicos, em nossos dias, que menosprezam o ensino bíblico e priorizam a música, as danças e o entretenimento! Você sabia que o Senhor Jesus, ao andar na terra, embora tenha cantado, dedicou dois terços do seu ministério à exposição da Palavra?
Ciro Sanches Zibordi
http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apologetica-crista/138/louvor-com-musica-ou-louvor-a-musica.html