COMENTÁRIO CRÍTICO SOBRE POSTAGEM DO REV. AUGUSTUS NICODEMUS ACERCA DO CONTINUÍSMO/CESSACIONISMO DOS DONS ESPIRITUAIS
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Um debate acerca da Atualidade dos Dons manifestos no início da Igreja
No dia 10 de Fevereiro deste ano, o Rev. Augustus Nicodemus escreveu um post no seu blog, O Tempora! O Mores! sobre sua posição quanto aos chamados “dons espirituais”. Suas respostas me intrigaram um pouco e, por isso, decidi fazer um comentário crítico (analítico) das mesmas, tendo por base uma perspectiva teológico-filosófica. Explico: algumas respostas devem ser compreendidas pelo viés da sistemática da argumentação, da retórica – elementos da qual o Rev. Augustus utiliza-se em seu post -, além da lógica da linguagem. O post do referido Reverendo (uma pessoa culta, que me parece honesta em seus posicionamentos – refiro-me ao que realmente crê -, e que tem certo trânsito em meios pentecostais) deu-se na forma de uma entrevista de rádio fictícia, na qual o Rev. Augustus elabora, ele mesmo, as perguntas e as respostas. A forma de entrevista, de diálogo, dá algum elemento dialético às respostas e divagações do Reverendo, posto que, ao que me pareceu, o fictício entrevistador da rádio fez perguntas que o mostram mais ou menos contrário ao que o Rev. Augustus apresenta, quase que como um “opositor” de debate. Isto tornou o post mais interessante, mas, o que estamos nos focando aqui são, efetivamente, as respostas dadas pelo acadêmico presbiteriano. Alguns o têm acusado de ser “excessivamente pentecostal” em suas colocações (o que discordo); outros, por sua vez, o acusam de ser “excessivamente tradicional”, isto é, contrário às experiências pentecostais. Como um Pastor pentecostal (“Continuísta”), achei-me no direito de analisar as respostas do Rev. Augustus à luz das Escrituras, mais do que à luz de uma mera perspectiva pentecostal/continuísta. Friso isso pois, como professor de Teologia e Filosofia, entendo que suas respostas podem influenciar muitas pessoas, muitos jovens estudantes e, por mais consideração que lhe tenha, não posso deixar de argumentar que, a meu ver, o Reverendo se equivoca em uma série de questões, distanciando-se da postura da qual mais se vangloria: a de um autêntico defensor da fé e preceitos bíblicos.
Como farei esta crítica? Exporei o texto do Rev. Augustus e, em negrito e vermelho estarão intercaladas as minhas respostas. Quaisquer destaques e/ou alterações que eventualmente fizermos no texto do Reverendo, destacaremos como “grifo nosso”. Este post ficou um pouco grande, mas peço ao internauta que o acessa que o leia até o fim, meditando nas palavras e pesando-lhes em sua consciência, comparando-as sempre com o que dizem as Escrituras e, ao fim, em havendo condições para tal, extraia suas próprias conclusões.
“Fiquei imaginando o que eu diria se fosse entrevistado sobre a cessação e a continuação dos dons espirituais mencionados na Bíblia, e daí nasceu esta sessão fictícia de perguntas e respostas. As perguntas estão em negrito e itálico.
Pastor Augustus, os dons espirituais cessaram?
Primeiro é necessário definir a que dons nos referimos. Acredito que o Espírito continua até hoje a conceder à Igreja a maioria dos dons mencionados na Bíblia. Mas, tenho a impressão que outros dons foram concedidos somente por um tempo a determinadas pessoas, para atender aos propósitos de Deus para aquela época. Estes não estariam mais disponíveis hoje (grifo nosso). Por isto, é necessário, antes de qualquer coisa, esclarecer a que dons estamos nos referindo quando dizemos que os dons cessaram ou que continuam.
Outra coisa a ser levada em consideração é que, de acordo com a história bíblica, Deus não agiu sempre da mesma maneira em todas as épocas. Há muitas ações miraculosas e sobrenaturais que ocorreram somente uma vez ou durante um tempo específico e não foram repetidas. Portanto, por princípio, devemos admitir que Deus é soberano para agir de diferentes maneiras através da história, e que dentro desta ação, ele concede diferentes dons a diferentes pessoas em diferentes épocas. Assim, não podemos nem restringir a ocorrência de determinados dons somente a um período da história e nem requerer que todos os dons terão necessariamente de ocorrer em todos estes períodos.
Então, você não se definiria como um cessacionista?
Se por cessacionista você quer dizer uma pessoa que não acredita que o Espírito Santo conceda dons espirituais à sua Igreja nos dias de hoje, é claro que não sou cessacionista. Se, por outro lado, um continuísta seria alguém que acredita que todos os dons espirituais mencionados na Bíblia estão disponíveis hoje à Igreja, bastando ter fé para recebê-los, é claro que também não sou um continuísta (grifo nosso). Creio num caminho intermediário para o qual ainda não achei um nome. Não posso ser chamado de cessacionista e nem de continuísta, pois creio que alguns dons continuam como eram no Novo Testamento, outros cessaram e outros continuam apenas em parte.
Bem, a discussão moderna gira mais em torno dos dons chamados sobrenaturais, como curas, línguas, profecias… se Deus é o mesmo hoje, ontem e eternamente, estes dons não estariam disponíveis hoje, como estavam na época dos apóstolos?
Poderíamos perfeitamente aplicar a estes dons e outros o princípio acima, de que Deus age de maneiras diferentes em épocas diferentes. Não podemos confundir a imutabilidade de Deus – que significa que ele não muda em seu ser e seus atributos – com a “mesmice” de Deus, que significa que ele sempre age da mesma forma. Teoricamente, ele poderia ter concedido os dons relacionados com curas, línguas e profecias a algumas pessoas durante o período apostólico e uma vez cessado aquele período, suspendido a atuação dos mesmos. Não vejo em que admitir isto afeta a imutabilidade de Deus ou diminui o seu poder e sua glória. Querer que Deus sempre atue da mesma maneira, isto sim, engessa Deus num padrão rígido e não admite que Ele tenha maneiras diferentes de agir em épocas diferentes para atingir seus propósitos.R: Observem bem: curiosamente, o Rev. Augustus não responde à própria pergunta que elabora! A pergunta que ele fez foi se “este dons (línguas, curas, profecias) não estariam disponíveis hoje, como estavam na época dos apóstolos”. Responder que “não podemos confundir imutabilidade de Deus (…) com “mesmice” de Deus”, alegando que Deus pode tê-los feito cessar e mesmo assim continuar imutável é esgueirar-se da questão em si. O óbvio, aqui, não responde a questão. É claro que Deus pode agir de “n” modos distintos no decorrer dos tempos, mas a Bíblia não afirma que Ele fez isso, necessariamente, com os dons espirituais!! Acredito, como diz o Rev. Augustus, que se impomos um único estilo ou forma de Deus agir, de fato engessamos seu poder. Mas, afirmar que Deus continua valendo-se da distribuição de dons à Igreja não significa engessar a forma de Deus agir, da mesma maneira que não significa que estamos “engessando” o meio de salvação das pessoas, que nesses dois mil anos de história do Cristianismo se deu e se dá exclusivamente pelo arrependimento mediante a confissão de pecados após a explanação da mensagem do Evangelho de Cristo Jesus. Uma coisa (a permanência dos dons espirituais) nada tem a ver com a outra (“engessamento” da forma de Deus trabalhar através dos tempos).
Mas o que havia de tão especial no período apostólico para Deus conceder estes dons sobrenaturais?
Foi o período de transição entre a antiga e a nova alianças. Teve a ver com a vinda de Jesus Cristo ao mundo e o cumprimento de todas as promessas que Deus havia feito a seu povo pelos profetas de Israel. Foi a inauguração dos últimos dias, do fim dos séculos, da última hora e do fim dos tempos. Foi a época em que o Espirito prometido foi derramado. Deus levantou os Doze e Paulo para através deles explicar e registrar estes fatos no Novo Testamento. Era necessário, portanto, que o período mais importante da história da redenção fosse marcado por sinais, prodígios e maravilhas feitos por pessoas extraordinárias como os apóstolos e seus associados. Era preciso deixar claro que era Deus quem estava por detrás daqueles acontecimentos e da mudança da aliança. Uma parte dos dons mencionados no Novo Testamento está relacionada diretamente com este período e com os apóstolos, como o dom de curar e fazer milagres e a profecia como veículo de novas revelações (grifo nosso). O dom de línguas, aparentemente, estava também associado àquela época, como sinal externo da chegada do Espírito Santo aos diferentes grupos que compunham a Igreja em seu início (judeus, samaritanos, gentios e discípulos de João Batista). Mas, parece que ele servia a outros propósitos além deste mencionado.
A questão é que estes dons aparecem em algumas das listas de dons espirituais do Novo Testamento como ferramentas do Espírito dadas a todos os crentes para edificar a igreja de Cristo. E agora?
Não vejo dificuldades. Estas listas aparecem em Efésios 4, Romanos 12, 1Coríntios 12 (2 listas) e 1Pedro 4. O que precisamos é definir com mais precisão o que significam cada um destes dons. O que significa, por exemplo, o dom de profetizar, que aparece nestas listas? Os crentes que tinham o dom de profetizar nas igrejas cristãs eram profetas iguais a Isaías e Jeremias, que foram capazes de predizer o futuro de Israel e das nações com incrível precisão? Ou será que os profetas cristãos se limitavam a edificar, exortar, consolar e instruir as igrejas, como Paulo diz em 1Coríntios 11:3 e 31 (grifo nosso)? E o que significa o dom de curar e de realizar milagres? Por que só encontramos este dom associado ao ministério dos apóstolos? E por falar nisto, o que significa “apóstolo” na lista de Efésios 4? O termo pode significar tão somente enviados, missionários, sem qualquer relação com os Doze e Paulo. Infelizmente as pessoas não levam em conta que existem determinados aspectos da função do profeta, do ofício do apóstolo e mesmo do dom de línguas, os quais parecem estar relacionados somente àquela época. Se levarmos em conta estas coisas, podemos até dizer que todos os dons continuam hoje, mas que alguns aspectos ou atributos deles cessaram após o período dos apóstolos (grifo nosso). R: Observem que o Rev. Augustus pergunta, retoricamente, o seguinte: “Ou será que os profestas cristãos se limitavam a edificar, exortar, consolar e instruir as igrejas, como Paulo diz em 1 Coríntios 11:3 e 31?” Digo que a pergunta é “retórica” pois este tipo de pergunta é feito quando ela mesma é a resposta ou quando a resposta é óbvia. Só que o que afirma o Rev. Augustus não é “óbvio”, segundo sua ótica. Na Igreja Cristã primitiva havia “profetas”, conforme o livro de Atos dos Apóstolos nos diz claramente. Um destes homens, Ágabo, predisseuma fome mundial, que veio nos dias do imperador Cláudio (At. 11:28). Ao que tudo indica, este mesmo Agabo predisse algo específico a Paulo, quando da estadia deste em Cesaréia de Filipe, conforme nos dizem as Escrituras: “E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam. E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judéia um profeta, por nome Agabo; E, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios” (At. 21:8-11).
Ora, é claro que Agabo não está falando profecias que associam-se exclusivamente a palavras de instrução, exortação, edificação e consolo, como nos moldes de uma pregação, assim como fazemos normalmente nos púlpitos de nossas igrejas. Ele estáprofetizando no sentido preditivo da palavra, tais quais os profetas vétero-testamentários por vezes fizeram. Isto não quer dizer que estou afirmando que “toda profecia” tem/deve ser preditiva. Entendo o sentido do termo profecia como usado pelo Rev. Augustus e muitos outros pastores e estudiosos de Teologia, assim como eu mesmo também uso, isto é, profecia como uma palavra de edificação, exortação, consolo e instrução. Mas, é inegável que a “profecia”, tanto no AT quanto no NT tem, também, esta conotação de uma concessão especial do Espírito de Deus àquelas pessoas que têm a incumbência de revelar qual será a vontade de Deus, específica, sobre uma pessoa, uma cidade, país ou sobre toda a Terra. Ignorar isso é ignorar o ministério dos profetas neotestamentários, como Agabo.
O mesmo pode ser dito quanto ao chamado de Paulo e Barnabé em Atos 13:1-3. Vejamos o que dizem as Escrituras: “E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram“. Este é um texto conhecidíssimo da Igreja. É o “chamado de Paulo e Barnabé pelo Espírito Santo“. Mas, como o Espírito Santo “disse” a Paulo e Barnabé que Ele os havia separado para a obra do evangelismo? A lógica textual sugere que, observando-se o versículo 1 do capítulo 13, associemos tal chamado a profecias, à utilização do Espírito Santo de “profetas” que havia na Igreja em Antioquia. Do contrário, qual o sentido de Lucas, autor de “Atos”, em frisar que havia “profetas e doutores” naquela igreja, se não fosse para mostrar que fora por revelação (profecia) do Espírito Santo que Paulo e Barnabé foram, por Ele, separados para a obra missionária? Como, portanto, podemos afirmar que os profetas neotestamentários não prefetizavam, em alguns casos, preditiva e especificamente? E mais: se profetas neotestamentários faziam assim nos dias dos apóstolos (sem serem os próprios apóstolos), por que homens cheios do Espírito Santo, hoje, não podem profetizar preditiva e especificamente, quando o Senhor lhes conceder que o façam? A Bíblia aponta para o contrário do que fora dito pelo Rev. Augustus em sua resposta.
E qual seria então o critério para dizermos quais os dons que permanecem para os dias de hoje e quais os que cessaram?
Acredito que a regra de ouro é esta: todos os dons que foram veículos de novas revelações ou que estavam ligados diretamente aos instrumentos das revelações, que foram os apóstolos, cessaram com a morte deles. Ilustrando, o dom de profecia continua hoje, conforme entendo, mas somente enquanto exortação, consolo, confrontação pela Palavra (grifo nosso). Já o aspecto revelatório da profecia que vemos, por exemplo, em João ao escrever Apocalipse, ou em Paulo e Pedro ao prever como será o futuro, a vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos, etc., isso certamente não faz parte da profecia hoje. Já cessou. R – Reiterando: como afirmamos, com referências bíblicas, nem sempre os profetas do NT foram exclusivamente “apóstolos”. Houve profetas que profetizaram preditiva e especificamente a algumas pessoas, como nos ilustram os casos acima mencionados.Curioso é notar, aqui, que a resposta do Rev. Augustus não cita nenhum texto vétero ou neotestamentário que corrobore sua afirmação, de que a profecia só existe, hoje, sob o aspecto de uma exortação, consolo ou confrontação pela Palavra. Ouso dizer que o Rev. Augustus não se utiliza de nenhum texto bíblico porque, neste caso, não existe texto bíblico que corrobore as afirmações do Reverendo, parecendo-me que as mesmas se dão por consequência de uma mistura desagradável de dogma acadêmico (confessional) e crenças pessoais.
Da mesma forma o dom do apostolado. Se entendermos apóstolo como missionário, enviado das igrejas para pregar o Evangelho aos povos (é este o sentido básico do termo em grego), não vejo problemas em dizer que ainda hoje temos apóstolos entre nós, que são os missionários que vão desbravar campos ainda não atingidos pelo Evangelho. Mas, certamente não existem mais apóstolos no sentido dos Doze e Paulo, que viram o Senhor Jesus ressurreto, foram chamados diretamente por Ele pessoalmente ou numa aparição após a ressurreição, e que receberam não somente poderes extraordinários de curar e realizar milagres, como foram também veículos da revelação divina, tendo profetizado acerca do futuro de Deus para seu povo e o mundo. E mais, seus escritos às igrejas foram inspirados pelo Espírito Santo, de forma que são infalíveis e inerrantes, sendo a própria Palavra de Deus. Obviamente, nenhum dos que se intitulam de apóstolo hoje tem estas credenciais. Portanto, não podem ser considerados apóstolos como Pedro, Tiago, João e Paulo. Este é um dos dons que permanece hoje somente em parte. R – Concordo que a Igreja reconhece uma prerrogativa distinta para os Doze e Paulo, sendo estes os Apóstolos que foram diretamente chamados por Cristo. Mas, se formos realmente criteriosos com as palavras que às vezes empregamos aos Doze e a Paulo (como disse o Rev. Augustus, “que viram o Senhor Jesus ressurreto, foram chamados diretamente por Ele pessoalmente ou numa aparição após a ressurreição…“), então precisamos repensar a forma como a Bíblia chama os “Apóstolos” na Bíblia. Primeiro, lembremos do caso de Matias. Este foi o que substitui Judas, o traidor, cf. At. 1:21-26. De fato, foi um prerrequisito à escolha do novo 12º Apóstolo que o mesmo tivesse sido testemunha ocular de Jesus, bem como de seu estado ressurreto. Contudo, no caso de Matias, fica claro que este não fora chamado pessoalmente pelo Senhor Jesus, nem quando de Cristo em vida ou através de uma aparição do mesmo. Matias foi escolhido por “sortes” e pelo “voto comum” (unanimidade). Seu apostolado foi corroborado nas mentes e corações dos demais líderes da Igreja.
Outro ponto é que a Bíblia chama Paulo e BARNABÉ de “Apóstolos”, creio eu, no sentido estrito da palavra: “E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaónica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava. E o sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros e grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes. Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão, clamando, e dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles” (At. 14:11-15).
Entendo que, como o maior escritor neotestamentário, Paulo é um Apóstolo no sentido lato e estrito da palavra. Mas, observando-se o contexto do texto, e sabendo-se que Barnabé não teve a mesma importância/influência que Paulo para a história da Igreja, é inegável o fato de que Lucas, o autor de “Atos”, coloca-os em pé de igualdade, ao chamar a ambos de “Apóstolos”, parecendo-nos que o termo, nos idos da Igreja primitiva, assumia este sentido lato, uma vez que, no contexto, não fora apenas Paulo o “divinizado” pelo povo de Listra (Licaônia), mas Barnabé também, e mais ainda, uma vez que o povo elegera a Paulo, “Mercúrio”, o deus da eloquência, e a Barnabé, “Júpiter” (nome romano para o deus grego “Zeus”, conhecido como “pai dos deuses”), por este muito provavelmente parecer “maior” que Paulo, um líder daquela que foi a primeira missão evangelística transcultural da Igreja em terras distantes da Judéia! Concordo com o Rev. Augustus que devemos ter reservas com os chamados “apóstolos” da atualidade, e não o são, nem no sentido estrito, nem no sentido lato da palavra. Utiliza-se, atualmente, a prerrogativa ou “credencial” apostólica como uma megalomania louca, egoísta, narcisista em homens que parecem querer divinizarem a sim mesmos. Retirada esta ridícula apropriação indébita do termo “Apóstolo”, penso que, de fato, existem uma credencial especial para os Doze e Paulo – o “colegiado apostólico” e o “apóstolo dos gentios” -, mas elevá-los a uma categoria separada, quase que nicolaítica, clerical penso ser um acréscimo de parte da Igreja, cujos desdobramentos nos fazem ver aqueles homens como “mais que líderes” da Igreja primitiva, quase uns “semideuses”, homens que tinham, em si mesmos, uma qualificação especial que os diferenciava do restante da Igreja, o que não poderia estar mais longe da realidade.
Por este critério o dom de línguas teria cessado também?
Não necessariamente, pois, até onde eu entendo, ele não era revelacional, isto é, não era veículo de novas revelações, como a profecia. Acredito que o relato de Atos e de 1Coríntios 14 nos dão informações suficientes de que o conteúdo das línguas era o louvor a Deus (Atos 2:11; 10:46). O dom consistia na capacidade de louvar e exaltar as grandezas de Deus num idioma que a pessoa desconhecia, e que tinha de se traduzido para a edificação da igreja. Portanto, teoricamente, este dom não precisaria ter cessado pois não era revelacional.Todavia, temos indícios significativos da história da igreja de que ele cessou após o período apostólico. Na eventualidade de uma ocorrência genuína deste dom hoje, esperaríamos que fosse de acordo com as regras bíblicas de 1Coríntios 14: dois ou três falando, em sequência, e com interpretação (grifo nosso). Como normalmente não é este o caso nas igrejas que dizem ter este dom, continuo tendo dúvidas de que o que está acontecendo nelas é a manifestação do genuíno dom de línguas. Mas, em tese, estou aberto para a ocorrência do dom genuíno. R – Parabenizo a sinceridade intelectual com que o Rev. Augustus expõe suas convicções. É esta sinceridade que me faz crer que ele realmente acredita naquilo que está expressando com as palavras. Este equilíbrio em suas posições, eu sei, tem-lhe causado alguns aborrecimentos. Conforme ele mesmo diz em seus escritos, colegas de ministério e membros de sua denominação o acusam de ser “excessivamente pentecostal” em suas colocações. Não vejo, sinceramente, as colocações do Rev. Augustus como “pentecostais”. Observo que, antes do “rótulo” confessional, homens como o Rev. Augustus e alguns poucos acadêmicos cristãos esforçam-se para serem, acima de qualquer coisa, bíblicos – mesmo que alguns de nós discordemos uns dos outros neste ou naquele preceito. Esta discordância não nos torna “inimigos” ou membros de “igrejas separadas”, mas penso que o debate, o confronto de idéias é um meio extremamente salutar para expormos as diferenças de nossas convicções e, se for o caso, chegarmos a um denominador comum.
Quanto à resposta do Rev. Augustus, realmente discordo quando diz que “temos indícios significativos da história da igreja de que ele – o dom de línguas – cessou após o período apostólico”. Quais seriam exatamente esses indícios? Não é porque este ou aquele expoente cristão da história da Igreja não falou em línguas que o dom inexiste! Também não podemos confundir 1 Co. 14 com um texto descritivo-preditivo acerca dos dons. Não é. 1 Co. 14 é um texto prescritivo, normativo, que intencionava por em ordem o culto na Igreja em Corinto. Havia certa desorganização litúrgica, provavelmente pelo excesso de pessoas falando em línguas em alta voz. O fato de Paulo orientar aqueles cristãos que, no seu culto local, se permitisse apenas 2 ou 3 falando em línguas e exclusivamente com interpretação, não significa que as manifestações do falar em línguas até então existidas nos cultos que houve e as que eventualmente viessem a existir não fossem manifestações genuínas! O culto deveria acontecer na ordem, conforme as prescrições do Apóstolo Paulo à Igreja em Corinto, mas isso não invalida as manifestações que houve, e quaisquer outras manifestações em contextos litúrgicos ou cúlticos diferentes. Uma coisa nada tem a ver com a outra!
Mas, então, isto quer dizer que os crentes que falam em línguas são mentirosos ou estão sendo influenciados pelo diabo?
Claro que não. Seria uma temeridade afirmar este tipo de coisa. Prefiro pensar que em boa parte das ocorrências são irmãos em Cristo sinceros que pensam estar de fato falando em línguas por terem sido ensinados desta forma dentro de determinados ambientes. Eles foram ensinados que falar em línguas é balbuciar palavras sem sentido num êxtase emocional. Há alguns que inclusive foram ensinados por seus pastores a como fazer isto, tipo “relaxe a língua, forme uma palavra desconhecida em sua mente e repita até que saia espontaneamente da sua boca…”. R – Não, “eles” não foram (todos) ensinados assim! Este é um erro típico nas análises de grandes grupos, tomar o todo pela parte! Há casos, há igrejas que realmente fazem isso, mas isso não quer dizer: a) que “todos” os que acreditam na contemporaneidade bíblica dos dons fazem assim, ou b) que o Pentecostalismo é “algo errado” por causa de práticas equivocadas de pessoas que se ab-rogam serem pentecostais, mesmo que sejam maioria no evangelicalismo ocidental atual!! Mesmo que “todos” os crentes chamados pentecostais passassem a crer desta forma – o que é altamente improvável -, mesmo assim o pentecostalismo não estaria, em si mesmo, errado, pois não podemos deliberadamente tomar o todo pela parte. Às vezes o todo é homogêneo, e o é a tal ponto que a parte de fato ilustra o todo. Por exemplo: água potável sempre será H2O, na parte ou no todo. Contudo, movimentos eclesiásticos (mesmo os confessionais) têm partes distintas, que formam um todo heterogêneo, por mais homogêneo que pareça. Creio num dom de línguas que vem, de fato, no êxtase da oração fervorosa e que as palavras podem até parecer “sem sentido”, mas, é como nos dizem as Escrituras (1 Co. 14), “ninguém o entende, pois, com Deus fala mistérios”. O fato de não entender determinadas palavras ou frases também não implica dizer que as mesmas são “sem sentido”. Podem parecer sem sentido para o meu entendimento, mas, talvez, para Deus façam sim muito sentido! É claro que há pessoas que distorcem a praxis bíblica, inclusive da oração em línguas, “ensinando” outras pessoas a falarem em línguas, criando, muitas vezes, um falso êxtase espiritual que, por sua vez, vem acompanhado de uma falsa manifestação espiritual de falar em línguas. Mas, ainda que isso venha a ser a esmagadora maioria do que se chama de pentecostalismo, ainda assim será “parte”… não será nem o fundamento do pentecostalismo, nem o que foi e é ensinado por verdadeiros e comprometidos líderes pentecostais, não podendo, portanto, jamais ser confundido como todo!
Não consigo perceber qual é o mal em se falar em línguas hoje nas igrejas. Qual o problema?
Se as línguas faladas não forem de Deus, a imitação delas deve trazer algum prejuízo ou perigo de natureza espiritual. Não posso afirmar ao certo, mas imagino que pode produzir arrogância, falsa espiritualidade, e abrir a porta para a atuação de demônios ou da natureza pecaminosa do homem. Na verdade, estes perigos estão presentes em qualquer manifestação que seja meramente humana, e não somente línguas.R – Concordo, desde que se separe conceitualmente o que seria “manifestação meramente humana” do dom de se falar em línguas. O primeiro é um mal que só pode produzir males, quando a questão são ações que devem provir do Espírito Santo de Deus. Mas, isto se dá em quaisquer instâncias espirituais, em quaisquer práticas espirituais, não somente na manifestação dos dons espirituais. É óbvio que as manifestações, em última análise, são humanas, pois são feitas por homens, mas aqui refere-se àquelas manifestações, em cuja origem encontra-se na ação do Espírito de Deus. O dom, para ser dom do Espírito, deve, necessariamente ser genuíno, do contrário é uma imitação do dom, algo ilusório, falso, nada tendo a ver, portanto, com o dom em si.
Alguns diriam que você nunca falou em línguas porque nunca foi realmente batizado com o Espírito Santo…
Hehe, eu sei, já me disseram isto na cara, num congresso de irmãos pentecostais onde estive como visitante. Bom, a minha resposta é que acordo com Paulo todos os crentes verdadeiros já foram batizados com o Espírito Santo (1Cor 12:13) mas nem todos falam em línguas (1Cor 12:30). Se não for assim, terei de dizer que os reformadores e os grandes missionários da história da igreja nunca foram batizados com o Espírito Santo, pois nunca falaram em línguas (grifo nosso). Todavia, se formos fazer uma comparação, eles fizeram mais pelo Reino de Deus do que estes que hoje insistem em dizer que as línguas são o sinal inequívoco do batismo com o Espírito Santo…R – Aqui existe um outro equívoco que vários irmãos de denominações diversas, como os presbiterianos, batistas, metodistas, congregacionais “tradicionais” creem, o de que todos os crentes já foram batizados pelo Espírito. Vejamos o que nos diz 1 Co. 12:13: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”. Estaria Paulo afirmando que todos os crentes verdadeiramente crentes são automaticamente batizados em o Espírito Santo no ato da conversão…. ou poderá haver um sentido figurado do termo? Deixemos o contexto nos responder: na mesma carta, no cap. 10, vss. 1-5, Paulo escreve: “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto”. Os israelitas foram “batizados em Moisés”? Sim, figuradamente! Paulo está falando, no contexto, de idolatria e divisões eclesiais. Para mostrar aos coríntios que Cristo “seguia” os israelitas, Paulo usa a pedra de onde saíra-lhes água para beber como um tipo de Cristo. O Ap. Paulo utiliza-se dos exemplos históricos dos israelitas tendo passado no mar e andando sob a nuvem – conforme nos revela o livro do Êxodo – para afirmar que, figuradamente, eles haviam sido “batizados em Moisés”. Todos estavam ligados pelo selo do testemunho mosaico, que iria redundar na futura aliança que Deus faria com Moisés, eternizando-a através daquilo que seria a Lei dos judeus.
No capítulo 12 de 1 Coríntios, Paulo fala mais uma vez sobre a unidade orgânica da Igreja. Em Corinto estava havendo, ao que tudo indica, uma espécie de “competição” entre os cristãos para saberem quem era “superior” aos demais, com funções que alguns julgavam ser melhor ou mais proeminentes que as demais. Paulo exorta os coríntios a entenderem que todos desempenhavam funções no “Corpo de Cristo” (a Igreja), com importâncias específicas, porem cruciais. A expressão, aqui, “batizados no mesmo Espírito”, é análoga à que vimos sobre “os israelitas terem sido ´batizados em Moisés´”! Não creio, em absoluto, que o “batismo” aqui seja efetivamente o batismo no Espírito Santo, assim como, muitas vezes, “fé” (gr. “pistis”, “pistein”) pode estar grafado de uma mesma maneira, no NT, mas pode assumir diversos significados (código de fé, confiança, dom, etc.). A palavra “batismo” pode ter sido utilizada como sinônimo de todos fomos “submersos” ou “aspergidos” ou “ligados” ou “lavados” em um mesmo Espírito, haja vista que o ponto central contextual do referido texto de 1 Co. 12:13 dá-se em meio a uma exortação de Paulo quanto à UNIDADE ORGÂNICA DA IGREJA, no caso, em Corinto, e não à doutrina do batismo no Espírito Santo.
Outro equívoco é afirmar argumentar como se o pentecostalismo unanimemente cresse que o dom de línguas é um sinal ou evidência do batismo no Espírito Santo. Não é! Uma ala mais radical do pentecostalismo crê assim, há muito tempo. Isso carece de fundamentação bíblica. O que é certo, em termos factuais, é que o Batismo é uma bênção para o testemunho cristão, o que deve ser buscado por todos os crentes em Cristo Jesus que queiram, realmente, tornar-se testemunhas intrépidas da salvação operada mediante a fé na mensagem no Evangelho da graça.
Vejamos o que nos dizem as Escrituras: “E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor,conhecendo somente o batismo de João. Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Aqüila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus. Querendo ele passar à Acaia, o animaram os irmãos, e escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, aproveitou muito aos que pela graça criam. Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo. E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, Disse-lhes:Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. E estes eram, ao todo, uns doze homens” (At. 18:24-19:7).
Em primeiro lugar, é inadmissível que creiamos que Apolo, que conhecia apenas o batismo de João, não fosse um crente convertido. Bem, se era – e tudo nos leva a crer, pelo texto, que era – por que a Bíblia faz esta clara separação deste crente convertido, “poderoso nas Escrituras” e que era instruído nos caminhos do Senhor, como não conhecendo “outro” batismo, mas apenas “o batismo de João”? Não e porque haveria um outro batismo além do de João? A Bíblia, efetivamente, não diz que Apolo foi batizado de novo, como o foram estes outros discípulos que estavam em Éfeso quando da ida do Ap. Paulo a esta cidade. Eles, como Apolo, foram descritos como crentes e que também só conheciam o batismo de João. Curioso notarmos que, pelo relato bíblico, eles foram batizados “em nome do Senhor Jesus”enquanto ouviam Paulo falar-lhes que João afirmara, no seu batismo, que o povo cresse em Cristo Jesus. Eles foram batizados em nome do Senhor. A seguinte imposição de mãos do Ap. Paulo sobre aqueles homens leva-me a crer que eles foram batizados em nome do Senhor Jesus – conforme nos dizem as Escrituras -, e que o Senhor Jesus os batizou com o Espírito Santo naquele momento, pois quem batiza com o Espírito Santo, segundo as Escrituras, é o próprio Cristo (cf. Mt. 3:11, Mc. 1:8, Lc. 3:16).
Mudando de assunto… Deus cura hoje?
Sem dúvida alguma. Eu mesmo já fui curado por Deus. Todavia é preciso fazer a diferença entre o dom de curar e as curas que Deus faz em resposta à oração. Aqueles que tinham o dom de curar – e parece que estava restrito aos apóstolos e seus associados – nunca falhavam. Cada vez que determinavam a cura, ela acontecia. Não há caso registrado de alguém com dom de curar, como Paulo e Pedro, terem comandado a cura que ela não tenha acontecido. E estamos falando da cura de cegos, coxos, aleijados, surdos e mudos, muitos dos quais nem tinham fé. E mesmo da ressurreição de mortos. Obviamente não apareceu depois dos apóstolos ninguém na história da Igreja, até os dias de hoje, com este mesmo poder (grifo nosso). E estou falando de homens como Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley, Whitefield, Hudson Taylor, Spurgeon, Moody e outros homens de Deus, que não podem ser acusados de não terem fé ou de serem carnais.
Isso não quer dizer que Deus deixou de curar depois dos apóstolos. Ele cura sim, ao responder as orações por cura quando quiser. E nem sempre ele responde positivamente. Se fosse feita uma pesquisa, aposto que ela revelaria que existe proporcionalmente o mesmo número de doentes entre aqueles que dizem acreditar que o dom de curar existe hoje e aqueles que acham que já cessou. Isto é, vamos encontrar nos leitos dos hospitais proporcionalmente o mesmo número de membros doentes de igrejas que dizem ter o dom de curar e daquelas que não pensam assim. R – Mais uma vez, discordo do Rev. Augustus. É muito difícil fazer uma afirmação como a dele, na qual usa-se uma petição de princípio na argumentação. Explico: petição de princípio é um equívoco, um erro na argumentação e acontece quando me utilizo de uma conclusão para justificar a mesma conclusão. Uso a conclusão, que quero provar, como uma “premissa”. Ora, o argumento do Rev. Augustus poderia ser expresso assim: “Como o dom de curar restringiu-se ao tempo dos apóstolos, então não apareceu ninguém depois dos apóstolos com o dom de cura”! A questão não é essa, prezado internauta! A questão é o Rev. Augustus explicar o porquê de o dom de curar ter restringido-se apenas ao período apostólico, quando, na Bíblia, não há nenhum tipo de base para tal afirmação. Pelo contrário: quando vemos a argumentação paulina em 1 Co. 12:7, veremos que a manifestação do dom divino “é dada a cada um para o que for útil”, isto é, aproveitável para a Igreja. Por que, se o Espírito Santo repartiu os dons à época apostólica a toda a Igreja, como é o caso dos crentes em Corinto, não se restringindo apenas aos apóstolos – e para os apóstolos -, como enfatiza o Rev. Augustus, Ele (o Espírito Santo) cessaria de repartir tais dons atualmente? Qual o motivo? As necessidades da Igreja diminuíram? A fé diminuiu? Sinceramente, não entendo o motivo de o Espírito Santo ter restringindo a distribuição de tais dons apenas nos dias apostólicos, mesmo que o fizesse para toda a Igreja espalhada pelo império romano! O fato de termos crentes doentes, hoje, não significa que não haja o dom de cura. Timóteo, que vivia sob “constantes enfermidades”, viveu no suposto único momento na história em que houve a distribuição do dom de cura, isto é, no período apostólico, e Paulo o orienta a misturar vinho com água (provavelmente por causa da alcalinidade da água de Éfeso, onde Timóteo provavelmente estava naquela ocasião – cf. 1 Tm. 5:23). Por que Timóteo não fora curado? Uma coisa é certa: não é porque o dom de cura “não existia”. A “lógica” usada pelo Rev. Augustus para afirmar que o dom não existe hoje não serve para os dias de Timóteo.
Jesus disse certa feita que quem cresse nele faria os mesmos sinais que ele fez. Esta promessa é verdadeira ou não?
O que Jesus disse foi que eles fariam as mesmas obras. Ele não disse que fariam os mesmos sinais (ver João 14:12). Embora o termo “obras” possa se referir aos milagres dele, é mais provável que Cristo se referia à obra de evangelização e conquista de almas, que foi efetivamente a única obra que os apóstolos fizeram que era maior do que as realizadas por ele. Sobre isto, escrevi um post aqui no blog O Tempora, O Mores, dando as razões exegéticas para esta interpretação. A verdade é que nunca ninguém conseguiu superar os milagres de Jesus ao longo de dois mil anos de história do Cristianismo. R – Quanto à questão da palavra específica em Jo. 14:12, é verdade que, no texto, encontra-se a palavra “ergôn” (“trabalho, obra”), sendo “obras” a melhor tradução para esta passagem. Contudo, a boa e velha hermenêutica pede que se observe o contexto. O contexto deste texto é um diálogo entre Jesus e alguns de seus discípulos, que lhe pedem coisas diversas. Filipe, para quem Jesus responde, inclusive, com a afirmação acima, pedira a Cristo para “ver o Pai”. Jesus lhe responde, serena e incisivamente, que o Pai está nele e ele no Pai; ao que, após proferir-lhe estas palavras, apela-lhe para que creia ao meno por causa das “obras” que ele fazia. Logo em seguida, ele afirma que os que cressem nele fariam “obras maiores” do que as que ele fez e conclui dizendo que “tudo o quanto os discípulos pedissem , no mome de Jesus, ele faria” (cf. Jo. 14:9-15). A quais “obras” Jesus se referia? A questão central, no texto, não é se alguém viria a fazer algum milagre “mais surpreendente” do que os que Jesus fez, mas entendermos que, EM SEU NOME, faríamos “as obras como ele fez e até maiores”. João é um Evangelho em que se destaca o messianismo de Jesus como Deus. Não é à toa que ele é conhecido como “o evangelho do Messias-Deus”. A autoridade e personalidade divinas de Jesus são evidenciadas em todo o evangelho joanino e, neste texto, não seria diferente: Jesus estava no Pai e o Pai nele (14:9-11); os discípulos fariam obras “maiores” – por “n” motivos, um dos quais podendo muito bem ser por causa do tempo de duração de seus ministérios, que poderiam se estender por décadas, enquanto o ministério de Jesus foi relativamente curto, por um período de apenas três anos e meio -, mas devemos observar que o Senhor Jesus enfatiza que tais obras seriam provenientes de pedidos dos discípulos EM SEU NOME, ou seja, a concessão autoritativa espiritual para que qualquer obra que fosse, viesse a acontecer, seria EXCLUSIVAMENTE POR PERMISSÃO DO SENHOR JESUS, sendo Ele, portanto, a fonte e a causa de quaisquer obras miraculosas (cf. os vss. 14 e 15). Não há problema se quaisquer eventuais milagres futuros, feitos por quaisquer dos discípulos genuínos de Cristo, forem “maiores” do que os que Jesus fez em seu ministério terreno… o que importa é que QUALQUER “obra”, incluindo-se os milagres, terão como causa, como fonte, a pessoa de CRISTO, e não o homem.
E quanto a sonhos e visões?
De acordo com o autor da carta aos Hebreus, Deus de fato se revelou de maneira extraordinária antes de Cristo, falando através dos profetas por meio de visões e sonhos, conforme encontramos no Antigo Testamento. Com a vinda do Senhor Jesus, que é a Palavra encarnada e portanto a última e maior revelação de Deus, estes modos de revelação cessaram, à medida que os apóstolos e escritores no Novo Testamento registraram (grifo nosso) de maneira infalível e definitiva esta última revelação.
Não digo que Deus não possa hoje se manifestar de maneira extraordinária a um crente. Mas, então, seria o caso de uma experiência pessoal, que não pode ter validade e utilidade pública e nem ser usada como meio para se impor alguma prática ou doutrina aos demais. A maneira geral, normal e esperada de Deus se comunicar conosco hoje é pelo Espirito falando pelas Escrituras e pela sua Providência, que é a maneira sábia pela qual Deus controla e governa os acontecimentos.R – Concordo com a afirmação de que Jesus “é a Palavra encarnada e portanto a última e maior revelação de Deus”. Como “última”, entendo como “completa, perfeita, plena”. Não é à toa que o cânon bíblico encerra-se nos dias dos apóstolos, como fim de um processo revelacional que iniciou-se 1500 anos antes do último livro da Bíblia (do Gênesis ao Apocalipse temos cerca de 1500 anos de história bíblica literária). Contudo, observemos que, mesmo após Cristo, o “ápice da revelação de Deus na Terra”, os apóstolos, discípulos e profetas da Igreja continuaram a ter revelações e a emitirem profecias preditivas, como já defendemos e ilustramos ao longo desta resposta. A grande questão, penso eu, circunscreve a questão canônica: se existem revelações de Deus diretamente aos homens, hoje, estas poderiam substituir as revelação das Escrituras, como cânon de Deus para a Igreja em todas as épocas? A resposta é um sonoro “não” e tal questão, por limitações óbvias de espaço, neste blog, e pelo fato de não ser a questão central dentre as respostas que intencionamos dar aqui, não pode ser por nós exaurida. Limitaremo-nos a afirmar o dogma eclesiástico conciciliar, como preceituado e ratificado no Concílio de Hipona Régia (396 d.C.), que estabelece clara e incontestavelmente uma certeza que, inclusive, já existia no seio eclesial desde fins do século I: a certeza de que as Escrituras seriam o padrão máximo de revelação de Deus, não podendo ser negligenciadas ou substituídas por revelações que a contradissessem. Contudo, tomemos como exemplos a revelação de Ágabo, profeta neotestamentário, ou dos piedosos Simeão e da profetisa Ana, conforme registrados por Lucas, em Atos 11:28, 21:8-11 e Lc. 2:25-38, respectivamente. Ana, inclusive, é chamada por Lucas de “profetisa”, textualmente. A estes foram-lhe reveladas situações específicas – com Ágabo, por exemplo, uma fome sobre a terra -, cujas predições foram chamadas de “profecias”, obviamente, por causa de seu sentido preditivo. Não há nada, reitero, nas Escrituras, que afirmem que a profecia preditiva, ou as visões (lembremo-nos do centurião romano Cornélio, em At. 10:3), seja por meio de sonhos ou em estados de êxtase espiritual genuíno, não aconteçam hoje. Nossas reservas pessoais com o conteúdo de alguns que afirmaram e afirmam os terem não pode ser o motivo maior pelo qual descredenciamos, a priori, tais manifestações como fictícias, ilusórias. Deus, como Deus, pode revelar da forma que Ele quiser, o que Ele quiser, a quem quiser, quando e como quiser. Ora, se é possível que isso aconteça, por que estudiosos como o Rev. Augustus assim o afirmam e, logo em seguida, negam tal possibilidade, afirmando, sem bases bíblicas ou empíricas que tais manifestações divinas simplesmente cessaram ou, quando muito, limitam-se a exercício meramente humano (como reduzir a profecia exclusivamente à pregação ou exortação)? Este tipo de reducionismo, que, ao meu ver, representa muito mais uma questão de dogma confessional do que de apologética e hermenêutica cristãs autênticas, não deve convencer o leitor mais acurado das Escrituras. Simplesmente, elas não corroboram esta tal hermenêutica confessional.
Vamos voltar ao dom de profecia. Afinal, ele existe hoje ou não?
Depende do que estamos falando. Os profetas do Antigo Testamento, como Isaías e Ezequiel por exemplo, receberam de Deus revelações quanto ao futuro de Israel, nas nações daquela época e da humanidade em geral. Estas revelações foram registradas em livros com o nome destes profetas e fazem parte da Bíblia. Além da profecia preditiva, os profetas exortavam o povo de Deus a que se arrependessem de seus pecados e voltassem à obediência da aliança. Na verdade, os livros deles trazem proporcionalmente muito mais exortações e advertências do que predições do futuro.
Os sucessores dos profetas do Antigo Testamento foram os apóstolos do Novo Testamento. Paulo, Pedro, João e os demais apóstolos também receberam revelações de Deus quanto ao futuro, a saber, a vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos, o novo céu e a nova terra.
Os profetas das igrejas locais no período apostólico não eram iguais aos profetas do Antigo Testamento como Isaías, Jeremias, Oséias, Joel, Amós, etc. Entendo que o dom de profecia que aparece nas listas de dons do Novo Testamento se refere à capacidade dada por Deus a determinadas pessoas para trazerem uma palavra de Deus à igreja, baseada nas Escrituras, em momentos de crise e necessidade (grifo nosso). O profeta exortava, edificava e instruía os crentes reunidos. Não vejo qualquer base para dizermos que o dom de profetizar no Novo Testamento é o poder para revelar o que está acontecendo na vida íntima dos outros ou anunciar o futuro da vida das pessoas (grifo nosso). Se fosse feito um registro da quantidade de profecias deste tipo que se mostraram falsas, não cumpridas ou que são tão gerais que cabe tudo nelas, já teríamos concluído de vez que o dom de profetizar não é isto.R – Já discutimos este ponto de vista, pois esta questão na fictícia entrevista do Rev. Augustus é reincidente.
Mas, e o caso do profeta Ágabo no livro de Atos que profetizou por duas vezes acontecimentos futuros?
Ágabo profetizou por duas vezes fatos que estavam relacionados com a vida e o ministério do apóstolo Paulo, durante o período em que as Escrituras estavam sendo feitas e no qual Paulo era o principal protagonista. Me parece claramente uma situação excepcional e bastante diferente do período atual da história da igreja (grifo nosso). R – “Situação excepcional e bastante diferente do período atual da história da igreja”? Este tipo de colocação de efeito, prezado internauta, em que a mera opinião do interlocutor parece-nos digna de toda aceitação. Mas, analisando bem, a coisa não é assim. Surge um sonoro “por quê?” Por que motivo as profecias de Ágabo seriam uma “situação excepcional”? Pelo fato de as Escrituras ainda estarem sendo feitas? Ok, mas por que a cessação da manifestação? Observe, prezado internauta, que, de fato, não há qualquer tipo de ligação lógica quanto ao período em que foram feitas as predições proféticas do NT e o fato de as Escrituras, como cânon, ainda não estarem prontas!! Pode haver uma certa influência psicológica para que pensemos assim, mas, na falta de uma clara prescrição dogmática da Bíblia quanto ao assunto, simplesmente não se pode encerrar a questão, posto que, assim, estaremos colocando nossa interpretação, nossa teologia no mesmo patamar que a autoridade bíblica, o que é um erro crasso! Sinceramente, não gosto de analisar fatos espirituais da Bíblia referindo-me às mesmas como “situações excepcionais”, “exceções”, etc. Qual o parâmetro bíblico para afirmarmos que tais manifestações foram “exceções”, sem qualquer possibilidade de reincidência futura? Quando afirmamos que Deus fez ou permitiu algo por “exceção” no passado, além de fragilizarmos nossa própria teologia, afirmamos, com isso, que há certa arbitrariedade incompreensível (e porque não dizer, “injusta”?) nos planos e decretos divinos. Não creio, sinceramente, que Deus trabalhe com “exceções”. Creio que toda a ação de Deus é arbitrada dentro de sua divindade onisciente, onipresente e onipotente, cujo controle permite que Ele tenha total ingerência de conhecimento e ação sobre todos os atos, todos os fenômenos reais e os possíveis, sendo Deus conhecedor de toda a qualquer possibilidade de ação dentro desta realidade e em qualquer outra! “Exceção” me lembra “jeitinho”, “gambiarra”, o que obviamente não condiz com a soberania de Deus, atributo este que o Rev. Augustus e vários colegas estudiosos valem-se tanto em preservar.
Não acha que essa sua posição acaba por extinguir e apagar o Espírito e impedir a ação de Deus no meio de seu povo? Não é este o pecado imperdoável, a blasfêmia contra o Espírito Santo?
Acho que o maior pecado contra o Espírito é desobedecer as orientações que Ele nos deu na Bíblia para examinarmos todas as coisas. Ele orientou os escritores bíblicos a escreverem aos crentes dizendo que eles deveriam estar atentos contra manifestações espirituais que não procediam de Deus, contra a ação de falsos profetas e falsos irmãos e mesmo contra a ação de espíritos enganadores que são capazes de realizar sinais e prodígios (Apocalipse 16:14). O Espírito nos chama a discernir os espíritos, a exercitar o bom senso e usar a razão. Pecamos contra o Espírito ao aceitarmos as manifestações espirituais de maneira crédula, sem exame ou análise, renunciando às orientações bíblicas e à nossa razão. É pela omissão dos crentes que os falsos profetas entram nas igrejas e disseminam heresias perniciosas. R – É verdade. Falta muito discernimento, principalmente àqueles que valem-se da possibilidade da manifestação atual do Espírito Santo para defraudarem a fé cristã e corromperem a espiritualidade de muitos. Curiosa, porém, é a exortação bíblica para a qual o Rev. Augustus nos chama à atenção, no começo desta resposta. Ele deve estar se referindo a 1 Tessalonicenses 5:19-21: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem“. Digo que é curioso pois, neste contexto, o Ap. Paulo exorta os Tessalonicenses a que “não desprezem as profecias”. Entendo ser algo de cunho estritamente espiritual e revelacional, da parte de Deus, posto que, antes, o apóstolo ordena-lhes que “não extingam o Espírito”. É fato que, neste texto, o Ap. Paulo ordena que se “examine tudo”… mas, “tudo” o quê? Obviamente que não são todas as coisas existentes no Universo, posto que isso seria impossível. É muito mais provável que ele esteja se referindo a tudo o que fosse relacionado às profecias, ou seja, acertadamente, o apóstolo Paulo parece ordenar aos Tessalonicenses que estes fossem mais criteriosos, mais racionais, melhores entendedores das palavras que se lhes fossem ditas. O problema de certa confusão na Igreja em Tessalônica pode ser observado nas próprias cartas paulinas àquela comunidade. Na Primeira Carta, o Ap. Paulo fala sobre a volta do Senhor Jesus e o encontro dos cristãos como Senhor, nos ares. Ao que parece, tais asseverações causaram uma certa má interpretação entre os tessalonicenses, posto que, na Segunda Carta, Paulo os orienta melhor sobre a vinda do Senhor Jesus, afirmando (no cap. 2) que, antes que o Senhor Jesus voltasse, viria uma apostasia global e aconteceria o advento do “homem do pecado”, com o qual vários cristãos identificam a figura do anticristo. Os tessalonicenses eram um povo piedoso, crente, fervoroso, mas, ao que tudo indica, um tanto fraco quanto às profecias, ou sendo excessivamente céticos ou distorcendo seus significados. A ordem “examinai tudo”, referente às profecias, parece-me ter o caráter hermenêutico e a acuidade apologética exigidos à Igreja, de um modo geral, a fim de que esta demonstrasse seu crescimento e maturidade espirituais.
Qual o seu comentário final aos nossos ouvintes?
Não considero a questão da contemporaneidade dos dons como sendo uma daquelas que se acham no coração do cristianismo. Não estou negando a importância da discussão se todos os dons que aparecem na Bíblia estão disponíveis hoje ou não. A verdade é que cristãos verdadeiros que são cessacionistas ou continuístas têm o mesmo desejo, que é servir a Deus de todo coração e serem instrumentos de bênção para os outros. Por outro lado, se não tivermos uma compreensão clara de um assunto como este, poderemos não somente nos privar da verdade como também promover a mentira – em ambos os casos, mesmo que o prejuízo não seja fatal, certamente afetará a nossa vida e das pessoas ao nosso redor“.
Aqui encerro minhas respostas ao Rev. Augustus Nicodemus quanto às questões por ele levantadas acerca da contemporaneidade dos dons. Respondi-lhe, pois, como ele, creio que uma concepção errada acerca de um assunto como esse pode levar-nos, de fato, não somente a privarmo-nos da verdade, como a propagar o erro. Tenho um profundo respeito pelo Rev. Augustus Nicodemus, a quem considero como um cristão genuíno e veemente defensor da inerrância e inspiração das Escrituras, mas não poderia deixar de tecer este comentário crítico quanto às suas declarações sobre um tema que, é bem verdade, não consta como um dos pilares centrais dos dogmas cristãos, mas que tem um valor bastante acentuado e, diria mais, indispensável à discussão e elucidação pelos cristãos de verdades eternas que nos foram legadas nas Sagradas Escrituras. Discutir tais verdades nunca é perda de tempo, como podem pensar alguns. Pelo contrário, é trazer elucidação e meios pelos quais, homens racionalmente capazes e livres no seu pensar ponderem em suas consciências e peçam a Deus que venha até si com verdade e revelação do Espírito aos seus corações. Disponibilizo-me a debater e/ou responder a qualquer indagação ou contra-argumentação ao que disse quanto ao assunto, se a mesma vier do próprio Rev. Augustus Nicodemus. Não tenho nem vontade nem tempo de responder àquelas pessoas que caçam debates na Internet, tomando o fato do debate em si como mais importante do que o objetivo para o qual o mesmo se presta: a elucidação de que o acompanha e, para os interlocutores, o processo dialético através do qual podemos chegar ao conhecimento da verdade.